A culpa é do cérebro
- Michelle A Figueiredo
- 27 de dez. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de mai. de 2022
Na vida pessoal ou no mundo corporativo, estamos sempre envolvidos nas nossas tarefas diárias que acabamos ignorando as nossas emoções e, por consequência, podemos ter atitudes que vamos nos arrepender depois.
Não é incomum encontrar um colega de trabalho que esteja sofrendo grandes níveis de dispersão, estresse e transtornos associados ao excesso de informações e atividades.
O termo Neurobusiness estuda a aplicabilidade da Neurociências às disciplinas de Gestão Empresarial, por isso, como parte do meu estudo de Psicologia, trouxe alguns temas importantes para que eu possa fixar, e juntos possamos melhorar cada vez mais.
O médico neurologista e neurocientista português Antônio Damásio propõe no livro, “O erro de Descartes”, que as emoções são um processo corporal e que pode ser ativada como, por exemplo, através de uma lembrança muito triste.
Ele diz que é muito difícil esconder as emoções. Já o sentimento, para Damásio, é a percepção do estado emocional. A pessoa é capaz de perceber um sentimento de inveja e escondê-lo, por exemplo.
Para a Neurociência quando temos consciência das nossas emoções e sentimento. Quando nos reconhecemos com raiva, por exemplo, estamos praticando a senciência. É a partir dessa consciência que podemos ter controle das nossas ações e das nossas palavras. Segundo Damásio, “o corpo é o palco das nossas emoções”, e a senciência seria, em poucas palavras, a busca individual da percepção consciente do nosso estado emocional.
A partir do momento que entendemos como estamos dando significado a uma coisa, estamos praticando a metacognição. A metacognição é a capacidade do ser humano de monitorar e autorregular os processos cognitivos, em outras palavras, é a capacidade do ser humano de ter consciência de seus atos e pensamentos.
Não podemos esquecer da razão. Ela guia nossos comportamentos, nossas preferências, nossas escolhas e nossas decisões. As decisões racionais decorrem de uma avaliação sobre as nossas emoções.
Por tanto, instinto, emoções e razão representam elementos conflitantes no comportamento humano. Essa visão foi proposta por Platão (427 – 347 a.C.) com a seguinte analogia:
No seu famoso diálogo Fedro (cerca de 370 a.C.), o filósofo já afirmava que a alma humana (mente), é como é como um carro puxado por dois cavalos: um afetivo e outro instintivo. Esses cavalos estariam amarrados ao carro, e o caminho que ele segue é resultado do equilíbrio instável e da contínua disputa entre ambas as forças que tentam levá-lo cada qual para um caminho. O condutor é a razão, que tem a difícil tarefa de manter a carruagem no rumo que ele mesmo define.
Os nossos comportamentos também resultam na combinação das nossas memórias (inatas ou aprendidas). As memórias emocionais são decisivas para que uma decisão seja escolhida e adotada, motivando a ação. É por meio da nossa coleção de referências emocionais memorizadas, que avaliamos ou julgamos o mundo ao nosso redor.
Não existe uma interpretação única da realidade. A percepção se refere a forma como interpretamos o mundo ao nosso redor, e essa interpretação é extremamente complexa no ser humano e pode gerar distorções. Essas distorções muitas vezes podem estar escondidas em padrões de respostas que no agarramos. Como por exemplo:
· “Eu já vi isso antes!”
· “Já sei onde isso vai dar!”
Esses atalhos mentais, ou seja, julgamentos e análises cognitivas feitas de modo mais rápido, a partir de poucas evidências iniciais, e baseado em experiências passadas se chama heurística.
Heurística é uma “armadilha cerebral”. De um lado, proporciona rapidez e menor consumo de energia. De outro, a repetição das mesmas respostas e dos mesmos padrões de análise, muitas vezes de forma inconsciente e, não raro, com erros de avaliação.
Alguns exemplos de viés cognitivo aliados a heurísticas.
Excesso de confiança: Valorização excessiva da própria opinião ou do próprio conhecimento, negligenciando a opinião do outro.
Status quo: Insistência em manter as coisas como estão, ainda que exista alternativas supostamente melhores disponíveis.
Confirmação: Quando tentamos justificar uma escolha feita, apontando para outras pessoas que fizeram o mesmo.
Efeito manada ou prova social: Fazer o que todos estão fazendo é uma forma de decidir algo a partir de pouca ou nenhuma análise racional as situações envolvidas.
Espero que tenha gostado.
Até o próximo tema!
Abraços,
Mi
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